"Será que é para ficarmos um pouco mais flexíveis do que os outros?
Ou será que existe algum propósito maior?
Yoga, em sânscrito, pode ser traduzido como união.
E a tarefa do yoga é encontrar união, entre mente e corpo, entre o indivíduo e o seu Deus, entre nossos pensamentos e a origem de nossos pensamentos, entre professor e aluno, e até mesmo entre nós e nossos semelhantes às vezes tão pouco flexíveis. (...)
Mas yoga também pode significar encontrar Deus por meio da meditação...
O verdadeiro yoga não compete com nenhuma religião, nem a exclui. Você pode usar seu yoga - as suas práticas disciplinadas de união sagrada - para se aproximar de Krishna, Jesus, Maomé, Buda ou Javé.
O caminho do yoga consiste em desatar os nós inerentes à condição humana, algo como a desoladora incapacidade de sustentar o contentamento. Os Taoístas chamam de desequilíbrio; o Budismo de ignorância; o islamismo põe a culpa de nosso pesar na rebelião contra Deus; e a tradição Judaico-cristã atribui todo nosso sofrimento ao pecado original...
Os Iogues, no entanto, dizem que o descontentamento humano é um simples caso de identidade equivocada. Nós somos infelizes porque achamos que somos meros indivíduos, sozinhos com nossos medos e falhas, com nosso ressentimento e nossa mortalidade. Acreditamos equivocadamente que nossos pequenos e limitados egos constituem toda a nossa natureza. Não conseguimos reconhecer nossa natureza Divina mais profunda. Não percebemos que, em algum lugar dentro de nós, existe um Eu Supremo que está eternamente em Paz. Esse Eu Supremo é a nossa verdadeira identidade, Universal e Divina. Se você não perceber essa verdade, dizem os iogues, estará sempre desesperado, ideia expressa de forma inteligente, pelo filósofo Epíteto: ' Você leva Deus dentro de si, e não sabe disso.'
Yoga é o esforço que uma pessoa faz para vivenciar pessoalmente a sua Divindade, e em seguida para sustentar esta experiência para sempre. Yoga é domínio de si e esforço dedicado a desviar a atenção de reflexões intermináveis sobre o passado e preocupações infindáveis com o futuro para, em vez disso, conseguir buscar um lugar de eterna Presença, de onde se possa olhar com tranquilidade para si mesmo e para o mundo ao redor."
Trecho do Livro Comer Rezar Amar, de Elizabeth Gilbert